Após um 2020 marcado pela ampla digitalização das atividades, tecnologias como inteligência artificial (IA), IoT e blockchain devem se aperfeiçoar e ganhar escala. Para isso, o 5G não pode faltar.
Avançamos cinco anos em cinco meses. Essa foi uma das frases mais comuns de 2020 quando se falava em transformação digital dos negócios. A quarentena durante a pandemia deu um impulso jamais visto em projetos de digitalização, pois com o isolamento físico como medida para conter a disseminação do novo coronavírus, as atividades tiveram que migrar para o mundo virtual e ser tão digitalizadas quanto possível.
Para se ter uma ideia da massiva digitalização das atividades, um contigente de 10 milhões de brasileiros foram bancarizados desde março, segundo dados do Observatório Febraban (Federação Brasileira dos Bancos). O equivalente a população de Portugal foi incluído no sistema financeiro por meio de soluções digitais criadas para atender o momento de crise.
Com isso, 2021 começa muito à frente em relação à tecnologia do que o início desde 2020. “2020 foi um ano marcado fortemente por uma aceleração na digitalização. A inteligência artificial teve um destaque muito grande e em 2021 vamos ver a continuidade disso, de programas avançados ou pilotos que tiveram bons resultados e terão um desenvolvimento no próximo ano”, diz Alexandre Nascimento, expert da SingularityU Brazil.
Alexandre conta que houve uma grande busca de empresas por soluções em IA justamente para atender à explosão da demanda por seus serviços online, seja no varejo ou no ramo imobiliário, as empresas, grandes ou pequenas, tiveram que rapidamente ganhar escala no atendimento.
Outro uso importante da IA que deve continuar se desenvolvendo é na área farmacêutica. Os estudos para uma nova vacina, por exemplo, usaram muito de IA para levantar informações e acelerar resultados na busca por moléculas, e o mesmo pode ser aplicado para outras doenças e outros tratamentos na área de saúde. “As descobertas e rupturas desse uso é uma tendência irreversível na área farmacêutica”, avalia.
O fato de IA ser uma tecnologia que combina com e aumenta o impacto de outras também a deixa em posição de destaque para outros avanços num futuro próximo. “Está virando uma ótima aliada em treinamentos por realidade virtual por exemplo, seja para soft skills ou para cirurgias”, afirma. Mas a área de automação de veículos deve ser a maior beneficiada com o desenvolvimento da IA. Veículos de entrega ou de passeio devem passar por um salto de autonomia em 2021 que, provavelmente, tornarão o deslocamento autônomo em 2022 mais comum do que se imaginava meses atrás.
A IA deve avançar também na predição, que terá um impacto importante na logística de pessoas e produtos. “A análise preditiva com IA pode ser tanto para o sistema de tráfego na cidade – e isso seria um impacto violento no ambiente urbano – ou ainda para a manutenção de equipamentos, em fábricas ou residências”, diz Wilson Cardoso, membro do IEEE – Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos. Wilson destaca que, em um ambiente super conectado, combinando diversas informações, a IA tem o potencial de ser um “super Waze” para tomadas de decisões baseadas em análise preditivas, de segurança pública a melhora de processos produtivos.
Conectividade
Para Wilson, 2021 deve ser marcado pela explosão da conectividade, especialmente relacionada ao crescimento do IoT (internet das coisas, na sigla em inglês) e da automação no setor produtivo. E para isso, o 5G será o destaque do ano. “É a tecnologia que vai possibilitar conectar milhões de sensores em alguns quilômetros quadrados. Hoje não temos essa tecnologia”, diz Wilson.
O executivo do IEEE, que também é chefe de soluções da Nokia para a América Latina, lembra que muitas residências se transformaram em centros tecnológicos. “Esperamos qualidade de conectividade. E isso cria grande expectativa em torno do 5G”, diz. A baixa latência (o tempo de troca de informações virtuais) que o 5G oferece é fundamental para a melhora da conectividade e da velocidade dessa conexão. No Brasil, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) está preparando o leilão que deve ocorrer no primeiro semestre e definirá as empresas que vão explorar a tecnologia no país.
Wilson também acredita que, com os processos industriais aderindo cada vez mais ao IoT, o blockchain deva migrar do uso concentrado na cadeia de criptomoedas e passará a ser mais presente nas cadeiras produtivas. “Vamos começar a ver esse uso muito no atacado, com empresas se especializando em blockchain também”, antecipa.
O 5G também foi apontado pelo CTO da Dell Technologies, John Roese, em uma apresentação à imprensa latino-americana sobre as perspectivas tecnológicas para o próximo ano. John diz que o impacto será muito mais para o ambiente corporativo que para o consumidor final. “O 5G muda o mundo mais focado no uso de infraestrutura corporativa e governamental. Essa será uma mudança tremenda, pois sabemos que ter uma rede de conectividade de última geração em nossos sistemas de transporte ou em nossa base industrial e nossos sistemas de saúde é poderoso”, avalia. Assim como Wilson, o executivo da Dell vê ainda que a quinta geração de rede celular impactando no uso corporativo de IoT e arquitetura de tecnologia em nuvem.
Corrida espacial 2.0
Alexandre, que vive atualmente em Santa Clara, na Califórnia, e portanto muito próximo ao dia a dia no Vale do Silício, chama a atenção para uma nova fase da corrida espacial envolvendo, desta vez, os Estados Unidos e a China. A SpaceX, do bilionário Elon Musk, trouxe um novo momento para a exploração do espaço ao “baratear” as viagens espaciais reaproveitando partes de foguetes.
Segundo Alexandre, todas as tecnologias que estão se desenvolvendo exponencialmente agora – como IA, IoT, conectividade – combinadas, vão apoiar a colonização em Marte – não em 2021, claro, mas deve ser um ano de muitos avanços na exploração espacial. “A indústria aeroespacial usa todas essas tecnologias. Usa muito IA. Usa muita comunicação. E está puxando o desenvolvimento de várias áreas”.
Menos distantes da computação quântica
O salto da computação quântica visto este ano em um experimento chinês também colabora para acelerar a exploração espacial. “Foi uma grande quebra de paradigmas em 2020 que terá desdobramentos em 2021. A computação quântica está tomando uma importância grande”, afirma Alexandre. A experiência na China usou computação quântica para processar em um minuto o que o melhor computador existente hoje levaria dois anos para processar. “É algo que imaginamos só em ficção científica até o momento”.
John Roese, da Dell, também levantou o tema da computação quântica. Ele diz que a ideia de um computador quântico é muito real hoje, assim como a capacidade de escalá-lo e torná-lo um produto comercial. Considera que a melhor estimativa é provavelmente para daqui a quatro a seis anos. Contudo, John acredita essa área deve acelerar em 2021.
“Nossa visão é que a tecnologia quântica é muito real, sólida. Conforme entramos em 2021, estamos começando a entender que o quântico não é um substituto para a computação convencional, é uma ampliação dela. Deve ser visto como um acelerador, pois traz a capacidade de processar certas funções matemáticas que são muito difíceis de fazer em computadores convencionais, um aprimoramento”. Esse aprimoramento, segundo ele, deve ter um impacto principalmente na criptografia.
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